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domingo, 22 de abril de 2018

Reversão na Educação

O ministério da educação do governo anterior, liderado por Nuno Crato, encontrava-se em completa harmonia com o ministério das finanças - o rigor puritano implementado era o mesmo. Aproximação ao ensino tradicionalista protestante, ou a modelos de ensino dos países do norte da Europa; cursos de vocação profissional; afastamento da responsabilidade escolar em educar civilmente os alunos, com a retirada da disciplina de formação cívica, que a meu ver é importantíssima. Enfim, um panorama que, aos olhos do ministério actual e da maioria dos deputados parlamentares, vai de encontro aos interesses dum aluno, aos níveis da educação e civil. Verdade seja dita, as primícias do anterior governo foram todas assim: socialmente insípidas e fracassadas. Agora, lá nos vamos soerguendo. 
Os professores também não foram esquecidos, principalmente os contratados, cujo sofrimento profissional nunca será retraído por lei, nem pelos sindicatos. A própria condição profissional que têm (são profissionais , ou colaboradores, -palavra que não simpatizo nada-, aptos a darem aulas, num regime de subcontratação ao serviço do Estado) impede-os de se assumirem como professores, de profissão. E de facto, não o são. O dia 31 de Agosto, de todos os anos, para os contratados, é  fatalmente despretensioso. Os meses que antecedem o fim do ano lectivo são todos assim, caracterizados pelo tormento mental resultante da instabilidade futura. São dos poucos funcionários públicos com um contrato a termo. Já os vinculados têm muitos mais benefícios face aos contratados.  Dou o exemplo de na situação de um professor efectivo ter um horário incompleto, o seu ordenando mantém-se inalterado (por razões óbvias); já o do contratado varia em função do horário. O modelo de avaliação dos professores proposto (PACC) dava continuidade a essas desigualdades, alheias aos vinculados. Ou melhor, até nem eram totalmente alheias, visto serem eles os encarregados de vigiarem as provas dos seus "colegas". Sublinho também que esse exame tinha um custo monetário de 20 euros. Veja-se o tipo de capitalismo inculcado pelo governo anterior. A única coisa positiva destes azedumes, na perspectiva dos alunos, é o facto de conhecerem bem o país em que vivíamos, subjacente à governação de Passos Coelho. Isso, como disse na linha anterior, é positivo para os alunos, pois os preceptores conheciam bem a realidade.
Fico satisfeito pela mudança profunda que, de unicamente estrutural, da obediência paternal às disciplinas mãe e a índices comparativos com a "mítica Finlândia", passou a colocar outras áreas, como a educação física e cidadania, numa redoma que previne para o futuro. Áreas que impedem o aluno de ser pobre de espírito, com bons hábitos cívicos, dignos e humanos. Uma aproximação ao melhor do que a teoria sobre a Educação de Locke nos oferece: sermos bons cidadãos.
A educação é o que nos distingue dos outros. E uma bela maneira de nos distinguirmos é, por vezes, ignorar o interesse individual em nome de um que seja colectivo. Talvez assim não haja tanta procura pelo azar dos outros e nem limpássemos a boca com as costas da mão (sempre que vislumbramos o "lucro" fácil) demasiadas vezes.

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